O século XX pode ser considerado como o grande momento histórico da mulher na luta por seus direitos e cidadania. Nos anos 30 ela obtém o direito ao voto, nos anos 60 a pílula concretiza a separação entre sexualidade e procriação, e em 1988 a Constituição Brasileira elimina, legalmente, séculos de subordinação, legitimando sua cidadania, status esse que ela conquistou através de movimentos, greves, articulações e reivindicações de toda espécie. Retratar as mulheres que participaram de tudo isso é o objetivo do Projeto Memória Viva, do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (CEDIM). O vídeo depoimento com a escritora e militante feminista Rose Marie Muraro inaugura uma série de vídeos sobre essas mulheres.
“Nosso objetivo é a preservação da História a partir da memória de nossas grandes mulheres”, afirma a coordenadora do projeto, Isabel Miranda. “Através do registro feito em áudio e vídeo de depoimentos, a idéia é mostrar a trajetória de mulheres que conquistaram espaço na sociedade atuando significativamente nas mais diversas áreas: na política, na social, na cultural ou na econômica, lutando por sua cidadania e pela construção de nosso país”.
Dirigido por Eunice Guttman, o vídeo de Rose Marie foi realizado em novembro de 2004 e conta com depoimentos, além dos da própria Rose Marie, de Heloísa Buarque de Hollanda, de Anna Maria Rattes, presidente do CEDIM, e de Schuma Schumaher, coordenadora da Rede de Desenvolvimento Humano (REDEH). Aos 74 anos, a depoente retratada fala sobre feminismo, ditadura, trabalho, política, sexualidade da mulher e outros assuntos, e relata fatos marcantes de sua vida - que se confunde com um período da história do próprio país -, como o movimento de mulheres na década de 70 e a fundação do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, do qual é membro fundadora.
“Temos a idéia de veicular este material através de meios de comunicação educativos tais como TV Futura, TV da Alerj, TV Cultura ou Rede Brasil, e também contribuir para o enriquecimento dos acervos de bibliotecas e videotecas - públicas ou privadas - de instituições culturais, de escolas e universidades, de secretarias de educação e de centros de estudos de gênero”, diz Isabel.
O projeto começou em 2002 e até hoje foram colhidos os depoimentos de duas dezenas de mulheres, entre eles o de Elza Monnerat que, membro do Partido Comunista do Brasil, foi uma das organizadoras da resistência guerrilheira do Araguaia e presa política durante a ditadura militar. Em fase de edição, estão ainda os de Benedita da Silva, da atriz Norma Geraldy, falecida recentemente, das jornalistas Miriam Leitão e Ana Arruda Callado, além de nomes como Jacqueline Pitanguy, Anna Maria Rattes e Ana Lipke, diretora do Hospital dos Servidores do Estado do Rio (HSE), Vó Rosa, Mara Régia Di Perna, Lígia Doutel de Andrade, Célia Regina Domingues, Felícia Moraes, Mariska Ribeiro, Ismênia de Lima Martins, Clara Araújo, Maria Rita Taulois, Tereza Amaral, Romy Medeiros, Diva de Múcio e Zuleika Alambert. Em fase de produção está o da atriz Zezé Motta