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Brasil
Nas redes do sexo
Os filmes pornôs têm um público vasto e fiel, no entanto, sua produção permanece até hoje marginalizada, envolvida em estigmas e moralidades. Escrito pela antropóloga colombiana Maria Elvira Díaz-Benítez, o livro “Nas redes do sexo” (Editora Zahar), lançado em todo o país no dia 2 de julho, mostra em detalhes como essa produção se organiza socialmente e as etapas de sua elaboração – dos métodos de recrutamento dos atores à inserção do filme no mercado, passando pelo ritual de preparação física e mental para entrar em cena, a filmagem em si e a linguagem sexual típica do gênero. O livro é fruto da pesquisa de doutorado da autora – defendido no Museu Nacional (UFRJ) – e é a primeira investigação feita no Brasil sobre pornografia tendo por base a observação participante, método antropológico no qual o pesquisador convive com as pessoas envolvidas, participando de seu cotidiano. Assim, a autora presenciou diversas filmagens, convivendo com atores, produtores, diretores, fotógrafos, recrutadores de elenco e distribuidores. O livro não se furta a assuntos controversos, como o uso (ou não) de preservativos no set, a migração de travestis para a Europa, o lugar das transexuais e das práticas “bizarras” nessas redes, o valor dos cachês, a proximidade com a prostituição, entre muitos outros temas candentes. Apresenta, ainda, a trajetória desse tipo de entretenimento no país – iniciada com o declínio das pornochanchadas nos anos 80, e a ascensão dos filmes de sexo explícito, nos anos 90 – até chegar ao produto atual, cuja estética, de influência americana, elimina o enredo das cenas. O livro focaliza os filmes conhecidos na indústria pornográfica como hétero, gay e travesti. A pesquisa de campo foi realizada em São Paulo – cidade brasileira com o maior número de produtoras e distribuidoras do gênero. Colombiana residente no Brasil, Maria Elvira Díaz-Benitez é pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu/Unicamp. Sua área de interesse principal são as relações étnico-raciais, o gênero, a pornografia e as práticas sexuais dissidentes. Doutora em Antropologia Social pelo Museu Nacional/UFRJ, publicou diversos artigos em revistas científicas e livros, nacionais e estrangeiros. Clique aqui e leia o prefácio assinado pelo antropólogo Gilberto Velho (Museu Nacional). Publicada em: 01/07/2010 |