Palestra apresenta o perfil das jovens que casam cedo
A primeira palestra do Seminário Relações Familiares, Religião e Sexualidade vai tratar do tema “Uniões precoces e socialização para a sexualidade”, produto da pesquisa GRAVAD, estudo multicêntrico que investiga o comportamento sexual e reprodutivo dos jovens brasileiros, realizado por três universidades públicas – UERJ, UFBA e UFRGS. A palestra vai enfocar as uniões juvenis e “o perfil dos jovens que casam cedo. Analisamos, sobretudo, o perfil das mulheres”, diz a antropóloga Maria Luiza Heilborn, do Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM), coordenadora nacional do estudo.
Foram entrevistados 4.634 jovens, de ambos os sexos entre 18 e 24 anos, nas cidades do Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre. A pesquisa constatou que 12% desses jovens já estavam unidos, 70% dessas uniões decorrentes da gravidez. “As mulheres têm em geral ensino fundamental incompleto, vêm de família de baixa renda e, na infância, muito cedo elas já estão envolvidas com as tarefas domésticas. Ao casarem-se cedo, repetem a história de suas mães”, explica a pesquisadora. “Tiveram uma transição rápida para a vida adulta, migrando rapidamente para uma situação de mulheres casadas”.
Maria Luiza aponta o limitado horizonte de oportunidades como uma das possíveis causas para essa escolha. “Essas meninas vêem pouco televisão, e não costumam ler revistas que abordam o tema da sexualidade”. Segundo a antropóloga, os jovens tendem a falar mais sobre esse assunto com os amigos do que com a família. “Com as mulheres que casam cedo o que acontece é que as amigas desaparecem e elas ficam sem ter com quem conversar sobre a questão. Elas passam, então, a conversar só com o parceiro, normalmente mais velho que elas”, observa.