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Brasil
Aborto na América Latina
O quadro atual de leis pertinentes à diversidade sexual e ao aborto foi mostrado tendo como ponto de partida a América Latina. A advogada feminista peruana Roxana Vasquez, do Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM) refletiu sobre a situação do aborto na região apoiada num estudo feito em 14 países entre 1995 e 2000 e atualizado em 2002. Na Colômbia, onde a prática é penalizada sob qualquer circunstância desde 1936, as estimativas mostram que são realizados de 200 mil a 400 mil abortos anualmente. Todos ilegais e clandestinos, já que lá não existe qualquer pernissivo legal. Segundo dados do Departamento Administrativo Nacional de Estatística (DANE) colombiano, o aborto inseguro corresponde a 16% das causas de morte materna no país, ocupando, há mais de uma década, a segunda posição neste ranking infeliz. “Os países enfrentam o dilema: despenalizar o aborto e diminuir a incidência de mortes causadas pelo aborto clandestino. Por quê essa situação se perpetua?”, questionou a advogada. “Na América Latina, a Igreja tem um poder forte. Os estados são laicos, mas na prática não”, afirmou. Segundo ela, Uruguai e México são os menos influenciados pela Igreja, enquanto nos países centro-americanos a Igreja tem maior influência. Em 2004, se o projeto de lei de Defesa da Saúde Reprodutiva tivesse sido aprovado, o Uruguai, considerado um dos países mais intensamente laicos, seria o primeiro da região a ter uma legislação francamente liberal em relação à questão. O projeto foi aprovado pela Câmara dos Deputados, mas não passou pelo Senado Federal, que decidiu manter a lei vigente no país desde 1938, a qual considera o aborto um crime, com determinadas exceções e atenuantes. Publicada em: 02/05/2005 |