“Um dia, vivi a ilusão de que ser homem bastaria, que o mundo masculino tudo me daria... Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara, é a porção melhor que trago em mim agora... Quem sabe, o Super-homem venha nos restituir a glória, mudando como um Deus o curso da história, por causa da mulher”. Cantando a canção de sua autoria, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, terminou seu discurso durante a cerimônia de instalação do primeiro ponto de cultura em gênero do Brasil, na sede do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (CEDIM) do Rio de Janeiro, no dia 30 de março. Além de Gil, estavam presentes na solenidade a ministra Nilcéia Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), e a presidente do CEDIM, Anna Maria Rattes..
Os pontos de cultura fazem parte do Programa Nacional de Cultura, Educação e Cidadania – Cultura Viva, lançado pelo Ministério da Cultura (MinC) em 2004. Até o momento, são 445 pontos espalhados pelo país, em temáticas que vão desde quilombolas a aldeias indígenas. O CEDIM está inaugurando o primeiro na perspectiva de gênero.
A ministra Nilcéia Freire (SPM) elogiou o projeto. “O que o Ministério da Cultura está propondo é incentivar as iniciativas culturais relacionadas à mulher, o que é muito importante”, avaliou.
“O ponto de cultura em gênero é uma forma de popularizar a cultura, isto é, levar a cultura de forma não elitizada às mulheres, as quais poderão ter acesso a obras de arte, exposições, teatro e livros”, afirmou Anna Maria Rattes, Subsecretária-Adjunta de Políticas Públicas para as Mulheres do Estado do Rio de Janeiro e presidente do CEDIM.
Para o Ministro, a idéia é criar uma rede. “A função dos pontos de cultura é iluminar as partes dos diversos corpos sociais do país, onde os esforços, desejos
e atitudes se concentram, criando vozes, discursos e apelos às responsabilidades que temos conosco e com os outros seres. Esperamos poder conectar essa iniciativa com as outras. O desafio é criar uma vida comum, apesar de toda a diversidade e pluralidade da vida atual”, disse Gil.
A educadora Leila Araújo, coordenadora-técnica do ponto de cultura em gênero, ressaltou a importância do projeto como um espaço de preservação da história de luta das mulheres. “Nosso propósito é tentar reunir e organizar, num só lugar, o acervo que constitui o patrimônio histórico e cultural da mulher”, disse ela. A inclusão digital é também um dos objetivos do ponto de cultura em gênero do Conselho: além da biblioteca virtual, o espaço conta também com uma gráfica digital.
A fase atual é de avaliação de projetos: a instituição está recebendo projetos em cinema, teatro e artes plásticas que poderão vir a compor o espaço, e estará, nos próximos meses, avaliando estes projetos. O ponto de cultura deverá estar funcionando, após a seleção desses projetos, no segundo semestre de 2006. O CEDIM fica na rua Camerino, 51 – Centro – Rio de Janeiro. Mais informações pelo telefone: 2299-2002.