Sangue das Travestis assassinadas no Estado formam um Rio de Transfobia!
Os constantes casos de TRANSFOBIA no Brasil vêm ganhando significativa
contribuição oriunda do nosso Estado. Nos últimos 2 meses, foram
contabilizados por esta instituição o trágico número de SETE Travestis
assassinadas em diferentes regiões do Rio de Janeiro.O protagonismo
absoluto das Travestis e Transexuais nas estatísticas de todas as pesquisas
sobre violência e discriminação sofrida entre a população LGBT
no Brasil vem agravando-se desde o final de 2009.
O Rio de Janeiro que, durante 2009, teve uma significativa baixa nos
assassinatos de Travestis e Transexuais, está sofrendo um aumento desta
prática de crimes de ódio.
Em 2010, no período de 13/04 a 23/05 SETE Travestis tiveram suas
vidas ceifadas de forma cruel e covarde, embora tenhamos certeza de que o número
real de homicídios transfóbicos supera os computados por esta instituição.
No dia 13/04/2010, faleceu na Zona Portuária do RJ a Travesti Baiana (Ângelo
da Costa), vítima de tiros. No dia 20/04, a Travesti Dandara, moradora
de São Gonçalo, foi assassinada com vários tiros no ponto onde
trabalhava, em Itaboraí. No dia 22/04, Ramona, uma jovem Travesti, foi assassinada a pauladas na cabeça no bairro Califórnia, em Nova Iguaçu.
No dia 30/04/2010, a Travesti Renata foi assassinada também por espancamento no bairro Jardim Tropical. No dia 05/05, a Travesti Sheila foi assassinada com 20 tiros no bairro Jardim Aurora, depois da UNIG, em Nova Iguaçu. No dia 17/05/2010, a
Travesti Cesar Henrique Vendrame foi espancado violentamente até a morte no
bairro Paraíso, em Resende. No dia 23/05, a Travesti Taila (José D. B. dos
Santos Júnior), natural de Itabuna –BA e residente na Lapa, foi assassinada
e teve seu corpo carbonizado pelo universitário e lutador Leonardo Loeser no
bairro do Jardim Botânico, Zona Sul da capital do RJ.
O expressivo número dos casos, assim como as cruéis e diversificadas formas
dos assassinatos, são o penúltimo estágio do grande fluxo de violência a que
estão sujeitas Travestis e Transexuais brasileiras.
Este fluxo se inicia na infância com a exclusão escolar, o rompimento
ou a fragilização do vínculo familiar devido a sua identidade de gênero,
culminando na fase adulta com a formação de indivíduos na sua grande
maioria despreparados técnica e educacionalmente e com dificuldades no
acesso ao mercado formal e informal de trabalho, fazendo da Prostituição sua
única forma de auto-sustento.
A Associação das Travestis e Transexuais do Estado do Rio de Janeiro (ASTRA
RIO), organização da sociedade civil organizada de abrangência estadual com
associadas em todo o Estado do Rio de Janeiro, cuja missão objetiva:
Organizar, associar, representar política e socialmente a população de
Travestis, Transexuais e Transgêneros do RJ.
A ASTRA RIO vem por meio desta denunciar publicamente estes assassinatos e repudiar expressamente o “JORNAL MEIA HORA” que, em sua manchete de capa da edição impressa do dia 24/05/2010, traz o seguinte texto: LUTADOR FURRECO FAZ CHURRASCO DE TRAVECO.
Declaramos que a ASTRA RIO é a favor da liberdade de imprensa, mas este caso
é, além de inadmissível , tão cruel e desumano quanto o ato criminoso do
lutador. Caso a sociedade admita uma manchete desse tipo, o próximo
passo é uma manchete como “Bandidos fazem carne moída de menor” para
descrever um caso como o absurdo cometido contra o menor João Hélio.
Posturas como esta devem ser banidas de veículos que, ao invés de levar
informação e cultura ao nosso povo, agem como verdadeiros manuais de
desrespeito à dignidade humana.
PORTANTO NOSSO REPÚDIO AO JORNAL MEIA HORA / RJ.
Ontem, dia 24/05/2010, a Presidência da ASTRA RIO se reuniu com a
Superintendência de Assuntos Individuais Coletivos e Difusos (SUPERDIR) do
Governo do Estado, responsável pela execução do Programa Estadual “Rio Sem
Homofobia”, onde foi protocolado um pedido de verificação dos casos.
Tais fatos também foram encaminhados ao Conselho Estadual dos Direitos da
População LGBT, órgão que vem desenvolvendo qualificada e constante apelo em prol da cidadania LGBT ao Governo do Estado. Esperamos uma resposta para que a
apuração e punição dos responsáveis sejam feitas de forma exemplar. Agradecemos a população do Estado do Rio de Janeiro pelas manifestações de
apoio e, em especial ao Grupo Árco Íris, Grupo CaboFree e Grupo Conexão G, que estão junto conosco na construção de um Ato Público.
Todos Unidos por um Rio de Janeiro sem TRANSFOBIA!