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Debates contemporáneos sobre raza, sexualidad y género

 Debates contemporâneos sobre raça, sexualidade e gênero

A proposta central do Workshop “Debates contemporâneos sobre raça, etnicidade, sexualidade e gênero”, que acontece nos dias 5 e 6 de março, em São Paulo, é refletir sobre raça, sexualidade e gênero como categorias classificatórias. Tais categorias devem ser compreendidas como construções locais, históricas e culturais, que tanto pertencem à ordem das representações sociais – como fantasias, mitos, ideologias –, como exercem influência real no mundo, por meio da produção e reprodução de identidades coletivas e de hierarquias sociais politicamente poderosas, de forma e articulação complexa. Como “marcadores sociais da diferença” articulados em sistemas classificatórios, regulados em convenções e normas, materializados em corpos e coletividades, categorias de raça, gênero, sexo idade e classe não adquirem seu sentido e eficácia isoladamente, mas por meio da íntima conexão entre si - o que não quer dizer que possam ser redutíveis umas às outras.

Pode-se reconhecer a produção moderna das categorias de “raça” e “sexo” dentro de um projeto mais amplo de naturalização de diferenças promovido pelos saberes ocidentais desde o século XIX. Em contrapartida, as crenças em atributos distintivos e fundamentais ligados às “raças” ou ao dimorfismo sexual persistem vigorosamente como mitos sociais e como base para a construção de tipos de diferença entre as pessoas, apesar de toda a argumentação e “desconstrução” científica contemporânea. Conceber raça, gênero, sexo, idade e classe como categorias articuladas implica, portanto, não apenas o esforço de desnaturalizá-las e contextualizá-las, seguindo o impulso clássico das ciências sociais, que recusam correlações rígidas e fixas entre características físicas, de um lado, e atributos morais e intelectuais, de outro. Significa também questionar as definições estreitas dessas categorias, muitas vezes vinculada à agenda política do momento, bem como repensar as abordagens parciais que elegem uma delas como o princípio ou fundamento privilegiado da ordem social.

Estes aspectos, assim, não devem ser compreendidos como um conjunto de sujeições combinadas. As hierarquias sociais às quais estão associadas não apenas se superpõem ou se reforçam, mas operam com freqüência de modos tensos e contraditórios.Trata-se, em outras palavras, de uma inter-relação, permeável e modificada pelas estruturas de poder e, sobretudo, pelos símbolos de prestígio social, agregados aos diferencias de raça, gênero e sexualidade. Ter em mente essas dimensões auxiliará a compreender alguns dos sentidos e significados relativos à raça/cor e racismo, gênero e sexismo e suas complexas e múltiplas dimensões. Deste modo, o seminário se ocupará das articulações entre sexualidade, raça, gênero e etnicidade nas ciências sociais e em outras disciplinas conexas.

Veja a programação completa em http://www.fflch.usp.br/da/eventos.html

Publicada em: 03/03/2008

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