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Brasil
Comunicación y derechos humanos
A presidente Dilma Rousseff sancionou recentemente a Lei de Acesso à Informação Pública, resultado da pressão dos movimentos sociais, porém um longo caminho ainda precisa ser percorrido para sua implantação. A lei representa um avanço para a democracia brasileira, mas contém limitações ao pleno exercício do acesso à informação pública no âmbito dos direitos humanos. O tema do acesso à informação e ao conhecimento já tinha sido objeto de recomendação proposta pelo Peru na Primeira Revisão Periódica Universal (RPU) do Comitê de Direitos Humanos da ONU em 2008. A lei aprovada em novembro de 2011 obriga os três poderes, em todos os seus níveis, a adotarem a transparência como regra para seus atos públicos. O avanço, no entanto, se restringe ao acesso à informação pública: trata-se, portanto, de uma lei cujo foco é específico sobre as ações do poder público. Asim, não abarca todas as demandas no campo do direito à informação, que é bem mais amplo. O Brasil será submetido à nova sabatina no 2º. Ciclo da RPU. Entre os relatórios da sociedade civil apresentados como insumo para essa revisão está o produzido pela APC, relatorio_internet_direitos_humanos.pdf | pelo Núcleo de Pesquisas, Estudos e Formação (Instituto Nupef) e pelo Observatório de Sexualidade e Política (SPW) | |. Esse relatório destaca o alerta feito pelo relator especial da ONU sobre liberdade de expressão, Frank La Rue, em 2011, a respeito das ameaças ao acesso à internet como agressão às normas internacionais de direitos humanos. As questões relativas ao acesso à informação em matéria de direitos reprodutivos há anos colocam em lados opostos defensores dos direitos das mulheres, das liberdades individuais e direitos civis e grupos religiosos conservadores. Em um país marcado por uma acentuada tradição cristã conservadora e pela atuação de grupos que defendem radicalmente a restrição total ao aborto, as discussões sobre saúde e direitos reprodutivos são crivadas frequentemente por discursos raivosos e fundamentalistas. Estes discursos têm o objetivo de criar uma tensão grande no debate público: trata-se de uma estratégia, como afirma Magaly Pazello, para interditar o debate, impedindo o fluxo de ideias e a multiplicidade de vozes e perspectivas filosóficas sobre o tema. No Congresso brasileiro, são recorrentes as iniciativas que tentam restringir o acesso à informação quando estão envolvidas questões relativas à saúde e aos direitos reprodutivos, bem como a sexualidade. Outro aspecto que chama a atenção é o armazenamento de dados pessoais nos sistemas informatizados, por exemplo, por agentes do Estado. “Não sabemos, por exemplo, como os dados dos cidadãos são geridos e protegidos nas bases de dados controladas pelo Estado. Não é uma questão apenas de internet, é o uso interconectado de informações dos serviços públicos. Como garantir a segurança e a confidencialidade dos registros que se fazem no âmbito da saúde? Sem leis que regulamentem o domínio da informação, o gerenciamento é uma caixa-preta. Isso é preocupante quando estão em debate os direitos sexuais e reprodutivos. É fundamental criarmos formas de monitoramento para preservar a intimidade dos cidadãos. Por isso, o Marco Civil é uma iniciativa de extrema importância”, observa Graciela Selaimen, do Nupef. Para Magaly Pazello, não apenas o Marco Civil em discussão no Congresso, mas também o Anteprojeto de Lei de Proteção de Dados Pessoais é crucial para a criação de uma base normativa relativa à privacidade e ao tratamento dos dados das pessoas na internet e em bases de dados informatizados. “A iniciativa de uma base normativa é fundamental quando estamos falando de direitos sexuais e reprodutivos, sobretudo quando estamos em pleno processo de debate sobre a aprovação do Marco Civil. A proteção à intimidade, à privacidade e às liberdades individuais deve ser regra inviolável”, afirma. Publicada em: 08/02/2012 |